quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Capítulo 0

Cansada de comparações, desistiu. Se os pensamentos não paravam, que fazer? Impossível impedi-los. Por isso, cedeu e decidiu analisar-se friamente. “Vai doer.”, pensou. Sim, e depois? Já doía.

“Ora vamos lá começar por fora… Hmmm, não, já passei essa fase.” E era verdade. Estava mais ou menos em paz consigo nesse aspecto. O que não gostava também não podia mudar, portanto para quê massacrar-se? Era completamente normal e saudável, o resto já pouco ou nada lhe importava.

Voltas e voltas na mente não a deixavam pensar com clareza, encadear ideias. Baralhou imagens e palavras, tudo a surgir num turbilhão. Estava cansada de se sentir menos. Menos isto, menos aquilo. E porquê? Que modelos teriam sido os seus ao longo da vida que eram sempre tão perfeitos, que era sempre menos que eles?! Será que eram todos assim tão capazes, tão pacíficos, tão naturalmente alegres? Provavelmente não...

Como era difícil contrariar as ideias más que vinham de mansinho aborrecê-la, motivadas por razões que pouco ou nada tinham de racional. Dava o melhor de si! Se isso não chegava, que mais poderia fazer?!

Farta de pensar, decidiu que não se importava. Precisava de tempo, e tinha direito a ele. Sabia que se não estivesse preocupada com nada aproveitaria melhor a vida e os momentos.

Assim, nesse dia, mandou embora o medo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Ilha da Inhaca

A Inhaca é uma ilha muito bonita situada à entrada da baía de Maputo. É cheia de vegetação, aves, com areia dourada e água quente (mesmo quente!). Na sua proximidade existe a Ilha dos Portugueses e ao fundo consegue ver-se a silhueta de Maputo.

Aqui ficam algumas fotos da nossa viagem à Inhaca no dia de Carnaval. Apreciem!



No barco (eu e o Bruno)


Pestana Inhaca Lodge, onde almoçámos e vimos as notícias...




Ilha dos Portugueses, ao fundo




O cais, na maré cheia















Bonito, nao é? :)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Barricadas, gás lacrimogéneo e outras coisas mais...

Neste Carnaval, toda a gente se mascarou de cowboy... E assim, tivémos o Texas na cidade...

"A cidade de Maputo e arredores estiveram durante o dia de ontem [na Terça-feira] sem transportes devido ao facto da população ter-se revoltado em protesto contra o aumento, ontem, das tarifas anunciadas pelos transportadores de passageiros vulgarmente conhecidos por «Chapa 100». Foram levantadas barricadas e incendiados pneus em vários pontos da cidade. Todos os acessos à cidade estiveram bloqueados e tal facto paralisou totalmente a vida na capital moçambicana. Vários voos nacionais e internacionais foram cancelados. As escolas foram encerradas e várias empresas fecharam ou nem sequer conseguiram abrir. Houve também viaturas incendiadas, vários feridos e mesmo até uma morte confirmada. (...) Os “Chapas 100” passaram ontem a custar 7.5,00MT para uma distância de 5 quilómetros contra os anteriores 5,00MT, e 10,00MT para 9 quilómetros contra os 7,50MT."

(Redacção com Conceição Vitorino)
Canal de Moçambique
2008-02-06 07:12:00


Tendo em conta que o salário mínimo ronda os 1400 meticais (cerca de 40 euros) e que a maioria da população faz pelo menos duas viagens de chapa por dia, ora façam lá as contas...
Esta gente tem razão em reclamar. Mas a maneira como o fazem fá-los perder toda a razão. Destroem o que é deles, tornam-se violentos...

"No que toca à remoção dos vários obstáculos colocados em algumas artérias da cidade, com destaque para Estrada Nacional Número 1, parte deles foram retirados, restabelecendo-se a desejada circulação normal de veículos e pessoas naquela vital rodovia de ligação entre o norte e o sul do país. Os troncos, pedregulhos, carcaças de carros, pneus queimados e postes de transporte de energia eléctrica que chegaram a ser derrubados tinham sido, até ao fim da tarde, removidos e colocados nas bermas daquela artéria, vendo-se alguns deles ainda a fumegar. Em alguns estabelecimentos saqueados e vandalizados, os proprietários e trabalhadores agiam para retomar as suas actividades, o que passava pelo levantamento dos prejuízos causados e limpeza das instalações. "

http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/115660
2008-02-06


Na Terça-feira não estávamos na cidade, fomos passear à Inhaca, a ilha aqui em frente a Maputo. Ao almoço, vimos as notícias na televisão. Quando regressámos a Maputo fomos logo para casa da prima da Zimba e por lá ficámos essa noite, já que não havia maneira de voltar para a Matola, onde moramos, porque as estradas estavam cortadas. Todo o comércio estava fechado e andava muito pouca gente na rua, mas naquela zona da cidade já estava tudo aparentemente calmo. Só regressámos a casa na Quarta-feira de manhã e pudémos apreciar, ao longo do caminho, as marcas dos acontecimentos do dia anterior.

Já de noite, na Terça-feira, o Governo anunciou que as viagens nos chapas voltariam a ter os preços anteriores e que entrariam em conversações com os chapeiros para chegarem a um preço que "satisfaça" toda a gente. A decisão final é anunciada amanhã, por isso está um certa tensão no ar porque há o receio que, caso o preço final não agrade à população (o que é bem possível), volte a haver confusão...

40 euros?... Às vezes pergunto-me: "O que é que esta gente come?!"