quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Barricadas, gás lacrimogéneo e outras coisas mais...

Neste Carnaval, toda a gente se mascarou de cowboy... E assim, tivémos o Texas na cidade...

"A cidade de Maputo e arredores estiveram durante o dia de ontem [na Terça-feira] sem transportes devido ao facto da população ter-se revoltado em protesto contra o aumento, ontem, das tarifas anunciadas pelos transportadores de passageiros vulgarmente conhecidos por «Chapa 100». Foram levantadas barricadas e incendiados pneus em vários pontos da cidade. Todos os acessos à cidade estiveram bloqueados e tal facto paralisou totalmente a vida na capital moçambicana. Vários voos nacionais e internacionais foram cancelados. As escolas foram encerradas e várias empresas fecharam ou nem sequer conseguiram abrir. Houve também viaturas incendiadas, vários feridos e mesmo até uma morte confirmada. (...) Os “Chapas 100” passaram ontem a custar 7.5,00MT para uma distância de 5 quilómetros contra os anteriores 5,00MT, e 10,00MT para 9 quilómetros contra os 7,50MT."

(Redacção com Conceição Vitorino)
Canal de Moçambique
2008-02-06 07:12:00


Tendo em conta que o salário mínimo ronda os 1400 meticais (cerca de 40 euros) e que a maioria da população faz pelo menos duas viagens de chapa por dia, ora façam lá as contas...
Esta gente tem razão em reclamar. Mas a maneira como o fazem fá-los perder toda a razão. Destroem o que é deles, tornam-se violentos...

"No que toca à remoção dos vários obstáculos colocados em algumas artérias da cidade, com destaque para Estrada Nacional Número 1, parte deles foram retirados, restabelecendo-se a desejada circulação normal de veículos e pessoas naquela vital rodovia de ligação entre o norte e o sul do país. Os troncos, pedregulhos, carcaças de carros, pneus queimados e postes de transporte de energia eléctrica que chegaram a ser derrubados tinham sido, até ao fim da tarde, removidos e colocados nas bermas daquela artéria, vendo-se alguns deles ainda a fumegar. Em alguns estabelecimentos saqueados e vandalizados, os proprietários e trabalhadores agiam para retomar as suas actividades, o que passava pelo levantamento dos prejuízos causados e limpeza das instalações. "

http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/115660
2008-02-06


Na Terça-feira não estávamos na cidade, fomos passear à Inhaca, a ilha aqui em frente a Maputo. Ao almoço, vimos as notícias na televisão. Quando regressámos a Maputo fomos logo para casa da prima da Zimba e por lá ficámos essa noite, já que não havia maneira de voltar para a Matola, onde moramos, porque as estradas estavam cortadas. Todo o comércio estava fechado e andava muito pouca gente na rua, mas naquela zona da cidade já estava tudo aparentemente calmo. Só regressámos a casa na Quarta-feira de manhã e pudémos apreciar, ao longo do caminho, as marcas dos acontecimentos do dia anterior.

Já de noite, na Terça-feira, o Governo anunciou que as viagens nos chapas voltariam a ter os preços anteriores e que entrariam em conversações com os chapeiros para chegarem a um preço que "satisfaça" toda a gente. A decisão final é anunciada amanhã, por isso está um certa tensão no ar porque há o receio que, caso o preço final não agrade à população (o que é bem possível), volte a haver confusão...

40 euros?... Às vezes pergunto-me: "O que é que esta gente come?!"

1 comentário:

Clara Gomes disse...

Também por cá acompanhamos as noticias,preocupados com os amigos!
beijos